Atravessando a Ponte até à União (revisto - Edição Jun.2022)



A União entre uma massa crítica de pessoas, não é para agora, mas é a única solução realmente viável e eficaz para os problemas da humanidade.

A União é um sentimento: não é uma ideologia, nem um dogma. 

O nível de consciência e de maturidade espiritual em que maior parte de nós vive, torna, para já, muito difícil despertar o sentimento de União: por isso mesmo, incentivamos, primeiramente, pensar, conversar e trocar percepções de União.

Na verdade, nenhum de nós sabe o que é viver numa civilização onde o sentimento predominante é o da União.

Por isso mesmo, ainda estamos na fase de despertar o sentimento em nós mesmos, pensando, conversando, trocando percepções e agindo, o melhor que cada um consegue. 

No entanto, será possível atravessar a civilização atual e chegar a um modelo civilizacional onde o sentimento predominante é a União? 

O que podemos fazer agora, dentro da realidade atual, dentro da nossa percepção da realidade atual, individual e coletiva, que possa nos auxiliar a criar uma sociedade mais justa, pacífica, sábia e amorosa?

Ponto importante a salientar é que tudo nasce na mente, antes de qualquer materialização: a materialização, nada mais é do que o reflexo do mundo interior individual e coletivo, manifestando-se no mundo material e nas relações humanas.

Formas de pensar geram comportamentos: não são os comportamentos que geram formas de pensar.

Quanto mais o pensamento e o sentimento estiverem sintonizados na União, mais justos, saudáveis, amantíssimos, pacíficos, sábios e em equilíbrio com a Natureza serão os modelos civilizacionais expressados por cada um de nós.

O modelo civilizacional proposto pela atualidade, cada vez mais digital, não sintoniza os pensamentos e os sentimentos na União.

Para manifestarmos e vivermos a União é preciso que aconteça uma mudança interior e não exterior.

A civilização é uma manifestação da mente: é o interior individual e coletivo, manifestado no mundo físico e nas relações humanas.

O exterior, quanto muito, poderá mudar o comportamento das pessoas, mudando as condições do contexto.

Por exemplo: surge uma força de opressão que impõem um determinado tipo de comportamento, mas assim que a força se ausenta, o comportamento desaparece e voltam os comportamentos anteriores a serem praticados pelos indivíduos que foram alvo da opressão, uma vez que as suas formas de pensar e sentir, não foram alteradas. 

Também é extremamente importante conseguir identificar durante a exposição de ideias e percepções de União, o ponto do trajeto de que se está falando a cada momento. 

Existe uma diferença enorme entre onde estamos e onde queremos chegar e isto precisa estar permanentemente esclarecido durante a conversa.

Quando estudamos a União, é extremamente importante definir, identificar e distinguir sobre o ponto temporal em que estão sendo trocadas as percepções no momento: na margem barbárie, na ponte civilização atual, ou na margem União? 

Porque as condições são diferentes em cada parte do trajeto. 

Reconhecer em qual ponto do trajeto determinado assunto está sendo estudado, é o ponto-chave de orientação. 

Deve-se tomar mais atenção ainda quando colocamos uma mesma análise em dois pontos diferentes do trajeto.

Imaginemos uma comunidade onde quase todas as propriedades privadas possuem poços com água potável.

Imaginemos que nessa comunidade existem algumas famílias, cujas propriedades privadas não possuem poço, logo, não têm acesso à água potável. 

A solução para que estas famílias tenham acesso à água irá depender de imensos fatores que deverão ser considerados: distância, transporte, quantidade, modo como as pessoas se relacionam, etc. 

Se colocarmos este caso na Margem União, a busca de soluções será orientada pela inteligência prática, pela Sabedoria amorosa e pela consciência em União. 

Mas, se colocarmos este caso na civilização atual, existe grande probabilidade das pessoas que dominam a água potável, estarem buscando soluções visando o lucro, o poder, a troca de favores e o tráfico de influências.

Por agora, não importa muito quais seriam as soluções para este caso: o que é imprescindível compreender é que, na civilização atual, a travessia ainda está sendo feita. 

Nesta fase que é o presente, é o dia de hoje, a semente de União ainda não foi semeada, ou ainda não germinou, em maior parte das pessoas. 

Na travessia da civilização atual ainda estamos buscando meios criativos de semear e despertar a União nas pessoas e em nós mesmos. 

Logo, os problemas que a humanidade está encontrando na travessia da civilização atual, ainda estão sendo resolvidos com base na competição e na acumulação, gerando imensos sofrimentos para imensas pessoas pelas mais diversas razões. 

Por outro lado, na Margem União, o sentimento de União já existe em maior parte, ou em todas as pessoas e as soluções têm mais probabilidade de serem alcançadas de forma benéfica para todos.

Apesar da propriedade privada ser completamente respeitada na Margem União, o sentimento de União não deixará que ninguém passe dificuldades. 

Na Margem União já estamos buscando soluções com o sentimento de União predominando em nossas práticas e buscas por soluções. 

É indispensável ao estudo da União diferenciar muito bem entre as predisposições mentais, psíquicas e emocionais encontradas na civilização atual e as encontradas na União. 

Considerando isto, estamos prontos para dividir este estudo em dois tempos: 

:: Semear a União (civilização atual)
:: Viver a União 

Voltando a considerar que a União é a única solução realmente viável e eficaz para os problemas da humanidade, mas que o nível de consciência e de maturidade espiritual em que maior parte de nós vive, torna, para já, muito difícil despertar o sentimento de União, sendo muito mais fácil, viável e eficaz, semear a União em indivíduos específicos, que já estão prontos para dedicar tempo a pensar, conversar e trocar percepções de União fora das bolhas de percepção e convivência em que, maior parte das pessoas, vive. 

Estes indivíduos são aqueles que já compreenderam, ou que já estão prontos para compreender, que as polarizações ideológicas, a nível político, religioso, científico e cultural, são as principais causadoras da divisão entre os povos, as principais geradoras de conflitos, de confrontos e de guerras. 

Estes indivíduos são aqueles que já estão prontos para transcender o apego, a apologia e a auto-identificação com polarizações geradoras de tribalismos conflituosos e opinitivos. 

Estes indivíduos são aqueles que já tiraram a sua atenção dos problemas que dividem a Humanidade e já estão prontos para focar a sua atenção nas soluções que a unem. 

Na civilização atual, é urgente multiplicar a quantidade de indivíduos prontos para pensar, conversar e trocar percepções de União. 

Focar a semeadura nos indivíduos que já estão prontos para pensar, conversar e trocar percepções de União, é garantir o sucesso da multiplicação dos mesmos.

Simultaneamente, o mais viável é semear a União em áreas geográficas precisas, onde possam ser desenvolvidas ações que permitam pensar, conversar e trocar percepções de União e onde possam ser desenvolvidos projetos que proporcionem mais qualidade de vida e mais independência física e mental em relação ao sistema de governança. 

Evidentemente que o sucesso deste empreendimento de pensar e buscar com quem conversar de União, dependerá, em última instância, de cada indivíduo. 

Por isso, inicialmente, é tão importante saber identificar quem são os indivíduos que estão mais preparados para pensar, conversar e trocar percepções de União. 

Os mais estudiosos facilmente identificam nesta estratégia um paralelo com as estratégias usadas por ideologias políticas e religiosas, as quais, começam por identificar os indivíduos mais propensos a receber tais ideologias, para depois os usar como ferramentas de propaganda e infiltração. 

A enormíssima diferença entre as estratégias de tais ideologias e as estratégias relacionadas com a União é que aquelas dividem e rotulam e esta surge unindo as pessoas que iniciam o processo de auto-descoberta da sua identidade natural.

Surge ensinando a pensar e aperceber.

Surge considerando a verdade e a justiça quando respeita a liberdade de expressão, a liberdade de pensamento, a liberdade de crença e a liberdade de escolha.

Uma das ações mais eficazes para despertar o pensamento, a conversa e troca de percepções de União, é a contação de histórias reais, memórias de vivências. 

Um método muito eficaz é convidar algumas das pessoas mais velhas da família, comunidade, ou bairro, a contarem para uma audiência, histórias de como era a vida quando elas eram crianças e jovens; e depois responderem a perguntas feitas pela audiência.

A experiência tem-me revelado que, quanto mais pequeno e familiar é o grupo, mais as pessoas se sentem emocionadas e envolvidas com as histórias trazidas pelos mais velhos, uma vez que lhes permite vislumbrar a linha histórica que as conduz até ao momento presente e a uma aproximação cada vez mais clara da sua identidade real e natural.

Imensas perguntas chovem sobre os idosos contadores de histórias, desde como era namorar naquele tempo, passando pelas brincadeiras que tinham, até ao tipo de comida. 

Surgem sempre muitas risadas em tais momentos, muita boa disposição, assim como momentos sérios de reflexão quando são recordadas situações, ou períodos, mais delicados e de sofrimento. 

A recuperação da memória individual e comunitária revela a história comum entre todos, despertando e fortalecendo imenso, os laços de União entre as pessoas. 

Despertados e fortalecidos os laços da União, a comunidade está pronta para avançar com o estudo de ideias e a prática de projetos que melhoram a qualidade de vida de todos, em imensos níveis, tais como saúde; aprendizados; cultura, filosofia e tradição; sistema de relações humanas de produção e troca de abundância entre indivíduos, famílias e comunidades; etc. 

Quanto mais comunidades receberem resultados positivos devido à União entre as pessoas, mais estas comunidades servirão como exemplo de que, sim, é possível as pessoas se unirem, melhorarem a qualidade de vida e viverem independentes de qualquer sistema de governança. 

Havendo comunidades dando o exemplo, a multiplicação da quantidade de áreas geográficas conquistando a independência do sistema de governança começará, assim, a multiplicar-se.

Mas não sejamos ingênuos: ainda estamos atravessando a civilização atual: apesar disto ter o potencial de ser um processo bastante viável, estamos prontos para receber muita resistência por parte do sistema que domina diversas áreas da vida das pessoas e das comunidades. 

O sistema de controle e opressão não vai largar, facilmente, a sua posição de dominação. 

Aqui entra a questão da “Desobediência civil pacífica: como responder à opressão do sistema de controle?”, que será o tema de trabalho posterior: temos, ou não, o direito natural de nos defender na mesma medida do ataque?

O caminho que nos conduzirá até uma civilização em União, apesar de possível, é trabalhoso, não linear e sujeito a imensas resistências por parte das forças de controle e opressão. 

Outro grande obstáculo são as sensíveis e intensas incompatibilidades de caráter, personalidade e vibração, entre as pessoas: como ultrapassar isto?

Apesar da União entre as pessoas ser possível, o que este presente trabalho está trazendo, é a chamada de atenção de quão indispensável é, no estudo da União, saber identificar o ponto do trajeto em que determinado assunto está sendo estudado: a margem barbárie, a civilização atual, ou a margem união.

Comentários