Liberdade de organização (revisado - Edição Jun.2022)


Um dos principais problemas nas relações entre o sistema de governança e o povo em geral, é a falta de liberdade que aquele impõem na população, limitando a forma desta se relacionar e organizar do jeito que quiser ao redor das coisas que lhe são vitais (água, comida, habitação, energia, transporte, etc.) e também, ao redor das coisas que não lhe são vitais.

O sistema de governança sempre aparece, sem ser convidado, para impor as regras que ele mesmo cria sobre como as coisas hão-de funcionar e sobre como as pessoas hão-de se relacionar, impedindo, assim, que as pessoas se organizem e relacionem do jeito que elas bem entenderem, ao redor das coisas que lhes são vitais e ao redor das coisas que não lhes são vitais.

Além do sistema de governança aparecer sem ser convidado, ainda impõem suas exigências, regulamentações e supervisões, com soberba, arrogância, cinismo, mentiras, ameaças, intimidação, violência, tortura e morte. 

As pessoas estão cansadas disso, mas maior parte ainda não se apercebe da profundidade desta invasão física, mental e espiritual.

P.ex.: um senhor planta legumes e limão, passa de bicicleta quase todos os dias na porta da minha casa, carregando e vendendo o fruto do seu trabalho: se eu comprar alguma coisa a esse senhor, por que é que o sistema de governança haveria de vir meter-se no meio do nosso negócio, da nossa relação de troca de abundância? 

Ainda por cima para roubar, na forma de impostos, parte do dinheiro que o senhor recebe da minha mão: este movimento de dinheiro é o fruto do meu trabalho e do trabalho do senhor, ou seja, um trabalho em que o sistema de governança nem sequer participou.

A vontade do sistema seria impor ao senhor um excesso de regulamentações sobre a forma como os alimentos devem ser produzidos, armazenados, transportados, etc., afogando-o em burocracias caras e complicadas, que impediriam, ou dificultariam imenso, o pequeno agricultor/produtor de continuar produzindo aquilo que é o fruto do seu trabalho, do jeito que ele bem entende ser bom para si e para os seus clientes, com a aprovação destes últimos.

Ou seja, o sistema de governança é uma presença extremamente inconveniente e inútil.

Outro exemplo: maior parte de vocês, se não todos, os que estão lendo este texto, se escavarem um poço, exatamente aì, onde vocês moram e se organizarem com os seus vizinhos para distribuir a água entre vocês, organizando do jeito que vocês entenderem ser bom para vocês, a captação, distribuição e manutenção da água e da infraestrutura, o sistema de governança, mais cedo ou mais tarde, irá bater-vos à porta representado por fiscais, ou até mesmo por policiais, dizendo que isso é proibido, que é ilegal, que têm de pagar impostos, ou até que terão de parar com isso e obter a vossa água da empresa de águas e saneamento, a qual, em acordo com o sistema de governança, sequestrou todo o processo de relacionamentos humanos ao redor da captação e distribuição de água, na vossa região. 

Às vezes, estes fiscais e estes policiais até conhecem a pessoa, à qual, ele está batendo à porta como representante do sistema de governança, controle e opressão: populares oprimindo, controlando e escravizando a si mesmos e a outros populares.

Se você e seus vizinhos insistirem na continuidade da utilização de tal infraestrutura comunitária de captação e distribuição de água, multas, processos e até cacetetes irão bater em suas portas e cabeças até que, ou vocês desistam da independência comunitária em relação à água e passem a ser clientes do monopólio privado da vossa região, ou até que as vossas vidas tenham sido completamente destruídas.

Existe, porém, uma terceira opção: uma massa crítica de pessoas tomarem conhecimento e consciência profundos disto que estou aqui demonstrando, se unirem e exigirem a liberdade de organização humana sem risco de restrição, marginalização, ilegalização, criminalização e perseguição por parte do sistema de governança.

Para que isto aconteça, as pessoas deverão, primeiramente, recuperar a memória sobre a real identidade de si e sobre os direitos naturais que lhe têm vindo a ser escondidos e usurpados.

Essencial e verdadeiramente, é por isto que a humanidade está há demasiado tempo lutando: pela liberdade de se organizar do jeito que quiser ao redor das coisas que lhe são vitais e ao redor das coisas que não lhe são vitais, sem correr o risco de ser marginalizada, ilegalizada, criminalizada e perseguida pelo sistema de governança.

A condição limitante e humilhante em que o sistema de governança procura manter cada uma das pessoas que nasce dentro dele, resulta em que, maior parte, ou está trabalhando dentro da própria máquina do sistema que a controle e oprime (submissa e obediente, por medo, ou por ignorância, ao escravagismo que lhe é imposto), ou está fora da máquina do sistema de governança, mas acomodada, submissa e obediente, por medo, ou por ignorância, ao escravagismo que lhe é imposto pelo sistema na forma de regulamentações e limitações que apenas beneficiam quem é muito rico e quem verdadeiramente está no poder.

Conscientizemos que a opressão do sistema de governança já dura há muito tempo - apesar de indeterminado.

Devido à profundidade do hipnotismo em que a humanidade se encontra, ou seja, devido à profundidade do controle mental e da percepção da realidade, maior parte das pessoas não está preparada para, primeiramente, reconhecer que nasceu e vive dentro de uma prisão sistêmica e institucional; e depois, para reconhecer que tem o direito de viver livre de tal prisão sistêmica e institucional de forma a se organizar entre si, do jeito que bem entender, ao redor das coisas que lhe são vitais e das que não lhe são vitais.

Imagine que, de repente, de um momento para o outro, o sistema de governança, simplesmente, deixa as pessoas fazer o que quiserem e se organizarem do jeito que quiserem, ao redor das coisas que lhes são vitais e das que não lhe são vitais, sem qualquer interferência daquele mesmo sistema.

Neste momento, seria o caos. 
Por quê? 

Por que é o pensamento que gera o movimento individual e coletivo, sendo que, maior parte das pessoas foi programada mentalmente para funcionar dentro da máquina de controle e opressão, fazê-la funcionar, sendo-a e mantendo-a.

Dentro da tal liberdade hipoteticamente proporcionada agora pelo sistema de governança, umas pessoas seriam abusivas para com outras e maior parte tentaria recriar o mesmo sistema que lhe proporcionou a liberdade: nascidas, criadas, educadas e programadas mentalmente dentro e pelo próprio sistema, sem outra possibilidade de criar fora dos limites de percepção impostos, recriariam aquilo, para o qual, foram programadas para fazer, ser e pensar.

A percepção de escassez tem vindo a ser induzida na humanidade há gerações, quando toda a Natureza nos fala de abundância. 

Conte quantas sementes existem dentro dos frutos, estude agro-floresta e descubra por que existe fome no mundo: por que uma força anti-vida está escondendo das pessoas o poder da abundância reinante.

É a mesma força que tem induzido a falsa percepção de excesso populacional.

O sistema de governança, controlando a produção e distribuição de produtos e serviços e propagandeando narrativas, induz na população a percepção de que não há o suficiente para todos: cada pessoa passa a ver a outra pessoa como uma adversária a ser combatida na competição por aquilo que não há o suficiente para todos.

 As relações humanas ficam baseadas na competição e no conflito.  

Uma verdadeira melhoria da sociedade não virá através de modelos pré-fabricados, mas de uma profunda mudança interior, da qual, cada um de nós é o responsável de fazer em si mesmo.

Um modelo civilizacional mais saudável, justo, pacífico, sábio e em harmonia com a Natureza, só poderá advir do sentimento de União entre as pessoas: sem isso, será sempre guerra, conflito e divisão.

As guerras, em sua grande maioria, são criadas pelo próprio sistema de governança e não pelas pessoas que nelas combatem.

A criação de uma civilização muito mais justa, pacífica, saudável, sábia e em equilíbrio com a Natureza, começa na mente de cada um, no sentimento de cada um, na percepção de cada um e reflexivamente, em seus atos, em suas escolhas, cada vez mais conscientes de sermos todos co-criadores de modelos civilizacionais.

Por enquanto, ainda estamos na fase de conscientização de que, sim, nós podemos e devemos ter a liberdade de nos organizar do jeito que nós quisermos e sem interferência do sistema de governança, ao redor das coisas que nos são vitais e das que não nos são vitais, sem sofrer com restrição, marginalização, ilegalização, criminalização e perseguição.

Mais um pouco e chegaremos a uma massa crítica de pessoas manifestando esta realidade.

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